quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cidade elabora plano de contingência

O retorno da atividade sísmica em João Câmara, nos últimos dias, levou autoridades municipais e estaduais a discutir a elaboração de um plano de contingência para a região. Ontem pela manhã, ocorreu a primeira de uma série de reuniões que serão realizadas no município com objetivo de instalar uma cultura preventiva. A ideia é realizar palestras em escolas e nas comunidades.

Reunião ocorrida ontem discute plano de contenção em João Câmara
Além de tranquilizar, a Defesa Civil quer conscientizar as pessoas para agir em situações de risco. "Estamos aqui para tratar de um plano preventivo, não apenas na área da sismologia, mas em outras áreas. Não queremos que ele venha a ser 'startado' somente na emergência", afirmou o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Elizeu Dantas.

Desde a última quinta-feira, 20, pequenos tremores estão sendo registrados pela estação de sismologia instalada na localidade Lagoa do Serrote [Poço Branco], a 9 km do epicentro dos sismos. Embora os sismos sejam de baixa magnitude - o maior chegou a 2.8, às 9h38 da última segunda-feira, 24 - já há "uma crise sísmica" instalada na região. A opinião é do coordenador do Laboratório de Sismologia da UFRN [LabSis], o geofísico Joaquim Mendes Ferreira e foi externada na reunião de ontem.

O epicentro dos abalos, acreditam os geofísicos do LabSis, está na Falha de Samambaia, que retomou a atividade sísmica. "É difícil estimar a magnitude dos próximos sismos. Mas estamos fazendo nossa parte, estudando os eventos e analisando a aceleração deles, que é o mais importante", acentuou. O que provoca situações de pânico, acentuou Ferreira, é o número de tremores sentidos pela população.

"Por isso, é importante trabalhar logo junto à população para tranquilizar. Só se evita pânico mediante um trabalho corpo a corpo", advertiu. Segundo Ferreira, as equipes do LabSis não estão no campo, nos últimos dias, apenas instalando equipamentos, mas conversando com as pessoas. "Estamos dando orientações, e explicando os tremores. Temos uma crise sísmica em curso e é preciso preparar as pessoas".

Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE,  Joaquim lembrou que os que vivenciariam os tremores de 1986 aprenderam com a atividade sísmica. "O problema é a nova geração, que não sabe o que foi, mas conhece as histórias, e a gente não sabe como eles podem se comportar". Na reunião de ontem, o coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Josenildo Acioli alertou para a necessidade de estruturar a Defesa Civil municipal.

"Ela não pode ser lembrada apenas na hora do desastre, mas  na normalidade, para que se tenha uma ação efetiva de prevenção e para que possa construir uma logística que possa dar respostas eficientes num momento de desastre". Ele detalhou os pontos estratégicos do Plano de Contingência, entre os quais ações de prevenção e estruturantes; treinamentos e simulações.

No tocante às ações estruturantes,  um ponto que deve ser observado à risca pelo município, destacou coronel Josenildo Acioli, é o uso e a ocupação do solo, e os padrões de edificações. Em áreas propícias a tremores, o ideal é que as casas sejam construídas adotando técnicas anti-sísmicas, uma delas é a mistura de cimento e ferro.

Para ampliar o monitoramento e ter dados mais precisos, o LabSis concluiu ontem a instalação de mais três equipamentos da Rede de Sismologia do Nordeste do Brasil na região - dois acelerógrafos e uma estação sismológica digital de período curto na região. Um dos acelerógrafos foi instalado na Fazenda Arizona, a 8 km da sede do município, e bem próximo à Falha de Samambaia, que passa pela fazenda.


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Fonte: Tribuna do Norte








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